ela.

Ela é diferente, tão singular que sua existência só pôde ser possível quando que por 1 segundo de distração a mente infinitamente complexa do arquiteto do Universo se colapsou num surto violento de autoconhecimento, um breve instante de loucura, um eterno questionamento sobre tudo que existe, um lapso de sensatez em guerra com suas alucinações constantes, um desejo abstrato e absurdo correndo e destruindo cada átomo de sua imensidão interna, um distúrbio mental sem definições lógicas, um pequeno espaço de tempo, um pequeno corte no tecido do universo, humanamente imperceptível, de pequenez tão absoluta que só se sabe de sua existência quando os resultados de sua passagem já deixaram destroços, uma destruição irreparável nas colunas que sustentam o infinito mais incompreensível do Cosmos... 

Quando ela surgiu, trouxe consigo novos cálculos, dúvidas e milhares de novas matérias espaciais... Sua existência deixou obsoleto até mesmo os eventos estelares que sequer puderam ser observados, todas as teorias foram resumidas em questões irrelevantes diante da complexidade daquilo que é sua presença no Universo... 

O seu existir se fez possível em possibilidades infinitamente inexplicáveis, tudo que ela é, tudo que ela fez o Universo se tornar ao existir se misturam em uma beleza estupidamente utópica, dominando a mente e gerando uma curiosidade insana de entender o sentimento estranhamente bonito que ela é capaz de provocar...

Estar com ela é sentir um corte delicado e quase imperceptível que nos desconecta das conexões com a realidade, obrigações e deveres do cotidiano de existir, um sentimento calmo que nos oferece bem estar para enfrentar a confusão e tumulto de nossas crises existenciais, uma sensação de segurança que nos garante a sobrevivência ao atravessar os abismos cruéis de nossos medos mais familiares e cruéis, segurança para não temer os medos desconhecidos e ocultos, escondidos atrás de nossas inseguranças de um futuro inexplorado, uma vida que ainda não nos aconteceu, uma realidade que nos espera ansiosamente, totalmente desconhecida, absolutamente dependente do que um dia nos tornaremos, construída vagarosamente em pequenos blocos dos ontens que vivemos, das pessoas que perdemos, das atitudes que fizemos e tempo que perdemos... 

Estar com ela é a estranha realização dos sonhos que involuntariamente surgem, sonhos que não desejamos, sonhos que não imaginávamos, mas que ao presenciarmos suas realizações somos tomados pelo desconhecido sentimento de satisfação surpresa, um sentimento bom de se viver uma vida que não planejamos, mas que ao sentir seus efeitos somos tomados pela percepção de encontrar no improvável tudo aquilo que desejávamos viver e não tínhamos a menor ideia de como conseguir... 

Amar ela é conseguir enfrentar os monstros metafísicos que absorvem nossa vitalidade em noites estranhas de insônia, quando o sono se ausenta e nos tira a capacidade de ignorar as dores de nossas feridas pessoais, cicatrizes internas frutos de tantas guerras pessoais, incansáveis e por vezes injustas... Inimigos mentais, bárbaros, soldados de nossas próprias inseguranças, sem regras e sem razão para existir além de duelar pela conquista dos territórios férteis de nossos sonhos de vida... 

Encontrar com ela foi uma colisão de objetos espaciais dentro de meus universos pessoais gerando luz e energia suficiente para recriar todo o cosmos, uma fração de tempo criando novas percepções sobre tudo, configurando novas incertezas em minha mente, um evento de força tão absoluta que me trouxe a delicada sensação de não precisar mais buscar respostas para as questões inexplicáveis que me compõe. A singularidade humana que faz cada um de nós sermos o que somos e define a nossa essência, só faz sentido, quando a essência é ela... Todas as coisas, pessoas e tudo aquilo que um dia eu me permiti amar, só fez sentido ter existido quando entendi que o objetivo era um dia amar ela...

Autor: Anderson Beowulf

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