Querido diário,

 Pensei incontáveis vezes se deveria escrever sobre você, sobre como escrever sobre você ou sobre nossa história. Incrivelmente inconclusiva, desde sempre, mas tão intensa. No início, sendo bem sincera, pensei que você seria diferente, claro. Reconheci seu nome sem nunca ter te visto e quando te encontrei a primeira vez, agimos como velhos e bons amigos.  Eu deveria esquecer da piada do destilado? Você nem bebia... Foi engraçado e bom estar com você naquela festa. Mas naquele tempo, não tinha como haver algo entre nós. E eu soube respeitar o tempo necessário para entender de onde eu já te conhecia. Sempre soube que em alguma vida tinha vivido ao teu lado. Você foi o meu melhor e o meu pior, não nego. Mas nunca te contaria da parte complicada, você foi a luz que me trouxe de volta para casa, você acendeu a luz que haviam apagado, reconheceu em mim potencial que eu tinha esquecido. Com você eu aprendi tanta coisa meu amor, mas de todas elas, a minha favorita foi lembrar como é ser amada

Nunca pensei em passar a enxergar os dias como eu vejo hoje; Nunca pensei que seria diferente, que teria que encarar minhas dificuldades como problemas, uma vez que eu fui criada pra ser feliz e não ver problemas. Eu sinto falta do passado, dos dias intermináveis, de deitar a cabeça no travesseiro sorrindo e ter sonhos bons. Sinto falta de fumar e ouvir minhas músicas favoritas, de abraçar as pessoas e oferecer o meu melhor. Hoje eu olho no espelho e enxergo a capa mais bonita que já produzi, linda esteticamente, que chama atenção suficiente pra eu não questionar nada. Mas nós sabemos quem somos quando estamos a sós e eu sou apenas vestígios de algo que um dia foi lindo e inteiro. Apenas cacos da melhor obra de arte, de um projeto completo. E nas conversas com Deus, Ele me acolhe no colo Dele e me põe para dormir e nunca me nega essa experiência, porque Ele sabe a luta interna entre manter minha alma na Terra ou levar ela embora. Eu me apego em coisas superficiais, em sonhos infantis,