Depois das 3, Don L

Admiro quem sabe falar sobre sentimento hoje,
Antes era mais fácil, ou menos pior.
Hoje, 
Sentir é fraqueza.
Mas sempre que escuto alguém, 
Me sinto outra vez no pátio daquela casa, 
o Sol quente no rosto e eu chapando, 
ouvindo love song com pegada de jazz e lofi,
Lembro como eu sentia o amor, 
Mesmo que estivesse desistindo de amar.
E num desses dias, 
o mundo me presenteou com alguém que eu jamais imaginaria amar tanto,
Foi louco e inesperado,
Igual a chuva que caia antes de anoitecer.
Nunca dava pra saber como ia ser o clima, 
Belém é assim mesmo, 
uma incógnita.
Mas dá pra sentir de tudo um pouco.

E tinha essa garota,
Como que aquela garotinha 
Que tinha o mundo todo nas mãos e deixou cair por querer ter pessoas do lado dela,
que não mereciam nem a atenção que ela tinha para oferecer,
Quem dirá o amor puro daquele coração?
É engraçado como o que pensamos ser o nosso pior momento,
Na verdade é só mais um momento.
Mais um momento de aprendizado, 
Onde nossa capacidade de sentir, 
Cresce um pouco mais.
E nós crescemos juntos.

Eu mudei daquela casa, do pátio ensolarado bonito,
Mas sinto falta de lá de vez em quando.
Trouxe comigo as roupas favoritas, meus livros, CDs e alguma pureza.
Mas nunca mais encontrei com aquela garotinha,
Até uns meses atrás.
Por isso chamei ela para vir aqui, 
Escrever comigo.
Coloquei Don L,
Ela sempre gostou de ouvir "Depois das Três",
Sempre achou que fosse uma boa música de amor,
Mesmo que eu ache que não se trata tanto assim de amor,
E sim de uma superação.
Talvez eu e ela tenhamos visões diferentes de amor.
Acho que ela sabe amar mais.
Adoro o jeito que ela fala, 
O jeito que ela sorri, 
As brincadeiras...
Mas principalmente,
Amo como ela não sabe levar a vida a sério.
Parece que o tempo inteiro, 
Nada deixa ela triste.
Porque sentir né?

Já ela acha que eu sou madura.
Acha que tenho mais coragem, 
Que conheço segredos que não quero compartilhar com ela.
Nisso ela tem razão, 
Não deixaria nunca que ela soubesse antes do tempo, 
As marcas que a vida tem pra ela.

E entre essas menina e eu, 
Tem uma versão muito apática.
Eu mesma, não gostava tanto assim dela quando estávamos juntas,
Mas hoje eu vejo como ela é importante ligação entre eu e a garotinha.
Vejo como ela foi uma fênix,
Uma rainha.
Ela não falava,
Mas ela sentia.
A apatia tinha tomado conta dela,
Mas antes ela sentiu tudo:
Muito amor, 
muita paz, 
muita calma,
muita felicidade,
Até sentir a primeira decepção,
Ardeu, 
Cortou de fora pra dentro,
Do coração pra alma.
Então sentiu raiva,
Deixou o ego a reconstruir.
Sentiu raiva,
Sentiu nojo.
Sentiu pena.
Desistiu de qualquer pensamento ruim,
E por trás de tudo, 
Ainda era o amor que a fazia sentir todas as sensações.
Não dava pra saber que seria assim,
Que nem o clima de Belém.
Então ela abriu mão de tudo
E desistiu de sentir.
Tornou-se apática.
Apatia é o contrário, 
Vem de dentro pra fora
E aos poucos afeta tudo a nossa volta.
Então ela conseguiu sentir,
Se arriscou de novo,
Tentou mais uma vez,
Chegou onde ela jamais sonharia.
E conseguiu me reapresentar pra garotinha.
Nós duas temos muito cuidado com ela.

E temos muito orgulho uma da outra.

Unifiquei elas,
Acolho a que não sente nada,
Levo a destemida para brincar 
E elas chamam a minha atenção para seguir no caminho certo.
Para o que a próxima,
Preparou para nós
E nos espera de braços abertos.


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