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 Pensei incontáveis vezes se deveria escrever sobre você, sobre como escrever sobre você ou sobre nossa história. Incrivelmente inconclusiva, desde sempre, mas tão intensa.

No início, sendo bem sincera, pensei que você seria diferente, claro. Reconheci seu nome sem nunca ter te visto e quando te encontrei a primeira vez, agimos como velhos e bons amigos. 

Eu deveria esquecer da piada do destilado? Você nem bebia... Foi engraçado e bom estar com você naquela festa.

Mas naquele tempo, não tinha como haver algo entre nós. E eu soube respeitar o tempo necessário para entender de onde eu já te conhecia.

Sempre soube que em alguma vida tinha vivido ao teu lado.

Você foi o meu melhor e o meu pior, não nego. Mas nunca te contaria da parte complicada, você foi a luz que me trouxe de volta para casa, você acendeu a luz que haviam apagado, reconheceu em mim potencial que eu tinha esquecido.

Com você eu aprendi tanta coisa meu amor, mas de todas elas, a minha favorita foi lembrar como é ser amada e cuidada. Você me tratou como uma rainha e ao mesmo tempo me cuidou como se fosse tua princesa.

Foi bem difícil te ver ir embora tantas vezes da minha vida, você sempre sumia e voltava... Admito que no início eu gostava, eu adorava ver você voltando e me fazendo sorrir, pois de todos que se foram e me deixaram, você voltava. Por algum motivo, mesmo que fosse por gostar muito da forma que nossos corpos tinham ótima sintonia na cama, ou por gostar do colo que dávamos um para o outro depois do banho repleto de risadas que costumávamos tomar depois de qualquer ato nosso.

Mas depois de um tempo, me acostumei com a tua inconstância, com a tua ausência. Foram longos dois anos, esperando, aguardando pelo momento exato que você assumiria tudo o que sente e sairia das visitas e declarações em sonhos e viria na minha direção pessoalmente. 

Hoje eu já não te espero como antes, talvez a um ano atrás, eu estaria chorando ou me perguntando porquê você foi, mesmo tendo tudo nas tuas mãos, mesmo com meu coração nas tuas mãos.

Hoje eu entendo que nunca foi o que eu poderia ter feito diferente, ou se eu fui muito intensa, se não deveria ter ido te procurar tantas vezes, mas que você nunca soube o que realmente queria, nem para você, muito menos sobre nós.

Eu admito não ter ido atrás de você por muitos dias, meses... mas não era correto, você havia tomado sua decisão.

Mas jamais negaria que corri até você na primeira oportunidade de te ver e você se entregou e me beijou. Depois voltou para seu mundo interno, sua confusão.

Não existe culpa, meu amor. Nunca vai haver, nem da minha parte, nem da sua, nem de ninguém. Somos exatamente o que somos no momento em que existimos. Não somos iguais, somos inconstantes, hoje assim, diferentes de ontem e amanhã nem se sabe.

Eu te amei a cada respiração minha. Talvez seja isso que querem dizer, quando falam: "preciso de tal pessoa para viver", porque sempre que eu precisava ficar bem, eu fugia para uma realidade que eu inventei para mim, onde nós dois existíamos. 

Realidade alternativa, repleta de boas memórias, do teu cheiro, do teu abraço, das nossas danças, de olhar para você debaixo e poder enxergar o céu atrás de você. Foram momentos mágicos, aliás, parece que Deus sempre cuidou do nosso amor. Havia amor em todos os lugares quando nossa história começou a ser traçada, me pergunto se você enxergou tanto quanto eu. Me pergunto se você já viveu por algum tempo nessa mesma realidade, ou até mesmo se você conseguiu guardar os nossos melhores momentos.

Eu quis te proteger tanto, como você quis proteger a mim e no fim nos tornamos apegados um ao outro, como se realmente pertencêssemos a esse lugar. 

Nunca foi a toa, a paz que reina quando estamos na presença um do outro é tão forte que por pouco não podemos tocá-la. 

Eu sinto sim falta de você, algumas vezes, durante a semana, meu peito lembra do teu e fica um caos. Mas não dura tanto tempo como a um ano atrás. Quando você se foi de verdade.

Hoje em dia eu olho para nós e sei que fomos extremamente felizes, independente de relacionamento sério, ou de situações externas.

Mas todas as vezes que você ia embora, me ensinava um pouco mais a viver melhor sozinha.

Todas as vezes que você deixou meu corpo, teu lar e foi se aventurar em outros, você criava uma barreira entre nós.

Eu nunca me senti menor do que ninguém, felizmente eu sempre amei minha pessoa e reconheci meu valor. E por entender isso, nunca compreendi porquê você sempre queria ir embora.

Passou um ano desde que você foi embora daquela vez, você voltou sim, muitas e muitas vezes depois disso. Eu te busquei. Somos incompreensíveis, carma, sina, almas gêmeas, como quiser chamar. 

Então eu resolvi que precisava crescer, para só então amar de verdade. Eu te dei um tchau aquele dia, disse que seria sempre sua amiga e aqui estou, basta chamar, você sabe. 

Não sei se um dia você também vai crescer e vir até mim e viver a história incrível que podemos criar juntos, não sei se aquele beijo foi o último. Eu nem lembro qual foi, na verdade. Porque não havia mais a paixão dentro do nosso amor. Apenas apego.

Eu me renovei, e uma pequena, quase inexistente parte de mim aguarda por você, renovado.

Espero que você se encontre, minha vida. E venha até mim, para ficar dessa vez.

Até lá, estarei vivendo. Se outros braços nos encontrarem no caminho, aqui fica registrado a história de amor mais forte de duas crianças que encontraram um no outro, o amor puro, no meio do mundo caótico.


Te amo.

RP Thaís Adriana 

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